O Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), a Invest Paraná e a Universidade Federal do Paraná (UFPR), por meio do Centro de Excelência em Pesquisas sobre Biomassa e Carbono (Biofix), desenvolveram um projeto pioneiro no Brasil, que reconhece o sequestro de carbono por unidades de conservação paranaenses como ativos para mitigação de efeitos negativos da mudança no clima. A iniciativa busca quantificar esse setor.
Um estudo piloto realizado no Parque Estadual Rio da Onça, no Litoral, avaliou a capacidade de sequestro de carbono anual da unidade de conservação e constatou que a área tem capacidade de neutralizar o equivalente a emissão de 66 mil litros de óleo diesel por ano.
Com base no resultado, o Tecpar, a Invest Paraná, a UFPR e a Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná (Fupef) assinaram um termo de intenções conjunto para elaborar o Protocolo de Quantificação de Carbono em Florestas, com a finalidade de criar uma metodologia para Certificação da Quantificação de Carbono aplicável a florestas de qualquer localidade.
Essa metodologia poderá ser expandida para outras áreas públicas ou privadas e outros tipos de vegetação nativas e plantadas.
ESTUDO – O estudo realizado no Parque Estadual Rio da Onça, em Matinhos, mostra que os 118 hectares da unidade de conservação têm um estoque de carbono de 35 mil toneladas de CO2eq e uma capacidade de sequestro de carbono anual de 178 toneladas de CO2eq, equivalente a neutralização anual da emissão de 66.728 litros de óleo diesel – CO2eq significa “equivalente de dióxido de carbono”, medida internacional para informar a quantidade de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2), por exemplo.
Carlos Roberto Sanquetta, professor e coordenador do Centro Biofix, destaca que a parceria entre a universidade e o Governo do Estado é pioneira ao reconhecer que a conservação das áreas florestais tem um papel natural no sequestro de carbono.
“Hoje, as iniciativas do mercado de carbono não estão voltadas, por exemplo, ao manejo dessas áreas, que naturalmente têm papel biológico no sequestro do carbono. O projeto vem a reconhecer sua importância, ao certificar o processo e transformar em estímulo econômico para empresas que queiram compensar suas emissões”, salienta.
A partir da metodologia, o Tecpar desenvolveu o Sistema CarbonCert, programa de certificação que atestará a conformidade do registro de emissões de carbono das organizações. Com esse certificado, explica o diretor-presidente do Tecpar, Jorge Callado, as organizações poderão computar ações ESG (Environment, Social and Governance) para mitigação das mudanças climáticas, de olho nas políticas globais da área.
“A metodologia desenvolvida contabiliza o sequestro de carbono de unidades de conservação públicas do Estado do Paraná, distinguindo-se do caráter mercadológico clássico de carbono. A certificação do Tecpar irá avaliar as emissões realizadas pelas organizações, que devem ser compensadas por meio de estratégia de adoção de floresta do Estado que possua atestado de quantificação de carbono emitido pela UFPR”, explica.
META AMBIENTAL – Eduardo Bekin, presidente da Invest Paraná, agência do Governo do Estado, vinculada à Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, avalia que a intenção do programa é gerar um ciclo virtuoso em busca da diminuição de emissões. “A ideia é que haja subsídio a empresas que realizam o inventário de emissões compulsoriamente para que essas organizações adotem unidades de conservação certificadas pela UFPR e pelo Tecpar, com a contrapartida de que seus fornecedores apresentem um plano para zerar suas emissões de carbono entre 2030 e 2050”, explica Bekin.
O Estado do Paraná tem hoje 71 unidades de conservação, que juntas têm 1,2 milhão de hectares. Pela metodologia do estudo, a floresta protegida por essas unidades de conservação tem capacidade de sequestro de carbono anual de 1,5 a 2 milhões de toneladas de carbono da atmosfera.
A quantificação e a certificação do sequestro de carbono por essas unidades manejadas são estratégicas e demonstram as ações de mitigação realizadas no Paraná para contribuir com o cumprimento dos compromissos do Acordo de Paris.