O setor de tecnologia no Brasil segue restrito a poucos nomes quando o assunto é bilionários. Enquanto no mundo dezenas de novos empresários de tecnologia passaram a figurar no ranking da Forbes em 2025, no Brasil a lista se manteve estável, com os mesmos cinco nomes do ano passado.
Juntos, esses brasileiros acumulam uma fortuna estimada em R$ 237,8 bilhões, mas a concentração chama atenção: mais de 95% desse valor está nas mãos de apenas um deles, Eduardo Saverin, cofundador do Facebook.
Saverin, que vive em Singapura desde 2012, manteve-se como a pessoa mais rica do Brasil, com patrimônio de R$ 227 bilhões, uma alta de 45,5% em relação ao ano anterior. O desempenho se deve, em grande parte, à valorização das ações da Meta, impulsionada pela aposta em inteligência artificial e pela expansão de seus serviços digitais. Discreto, ele raramente aparece publicamente, mas continua a gerir seus investimentos por meio da B Capital, fundo de private equity que cofundou em 2015.
O segundo brasileiro mais rico da tecnologia é Daniel de Freitas, engenheiro formado pela USP e com passagem por Stanford. Ex-funcionário do Facebook e do Google, ele fez história ao se tornar o primeiro brasileiro bilionário no setor de inteligência artificial. Em parceria com Noam Shazeer, De Freitas fundou a Character.AI, uma startup de chatbots inteligentes, que foi adquirida pelo Google em agosto de 2024. Seu patrimônio é estimado em R$ 5,8 bilhões, um crescimento de 5,4% em um ano.
A lista segue com Laércio José de Lucena Cosentino, fundador da Microsiga, empresa criada em 1983 que se transformou na Totvs, gigante brasileira de softwares de gestão. Após a abertura de capital em 2006, a empresa expandiu presença global e se consolidou como uma das líderes no segmento de ERP. Cosentino deixou a presidência executiva em 2018, mas permanece como presidente do conselho e maior acionista individual, com 8,6% da companhia. Seu patrimônio cresceu 42,1% e chegou a R$ 2,1 bilhões.
Outro nome é o de José Roberto Nogueira, que tem uma trajetória marcada pelo empreendedorismo no interior do Ceará. Autodidata, ele fundou a Brisanet em 1998, com a ambição de levar internet de qualidade e preço acessível ao sertão nordestino. A empresa se transformou na maior provedora independente de internet e fibra óptica do país, ampliando sua atuação para vários estados da região. Hoje, Nogueira é dono do grupo e tem patrimônio estimado em R$ 1,5 bilhão, com leve alta de 2% em 2025.
Fechando a lista está Ernesto Mário Haberkorn, detentor da segunda maior fatia da Totvs, companhia que ajudou a construir ao lado de Cosentino. Além da participação acionária, Haberkorn tem uma carreira marcada pela dedicação à educação e à gestão empresarial, tendo publicado ainda em 1968 o primeiro livro brasileiro sobre administração. Seu patrimônio é estimado em R$ 1,4 bilhão.
Apesar de sua estabilidade, a lista mostra como o setor de tecnologia brasileiro ainda é concentrado em poucos grupos e empresas. Fora Saverin, cuja fortuna está ligada a uma gigante global, os demais nomes se conectam a histórias muito específicas: a Totvs, que nasceu do esforço pioneiro em softwares de gestão no Brasil; a Brisanet, que apostou na inclusão digital no Nordeste; e Daniel de Freitas, que surfou a onda da inteligência artificial no Vale do Silício.
A metodologia usada para calcular os patrimônios leva em conta apenas participações em empresas listadas em bolsa, com base nos preços de fechamento de 30 de junho de 2025. Itens como imóveis, aeronaves ou obras de arte não entram na conta, a menos que sejam informados diretamente pelos bilionários. Em alguns casos, fortunas familiares aparecem consolidadas.
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