FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 22-12-2023: Atleta de corrida Gledson para o Ciência & Saúde sobre o aumento de esportes como corrida e beach tennis. (Foto: Samuel Setubal/ O Povo) (Foto: Samuel Setubal)

Foto: Samuel Setubal
FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 22-12-2023: Atleta de corrida Gledson para o Ciência & Saúde sobre o aumento de esportes como corrida e beach tennis. (Foto: Samuel Setubal/ O Povo)

“Qual foi a decepção amorosa que aconteceu em nível mundial para que as pessoas começassem a correr todos os dias?”. Embora em tom de sátira, a pergunta feita pela influenciadora cearense Mila Costa — em vídeo que viralizou recentemente — traz uma percepção comprovada por dados: a população brasileira tem realizado mais atividades físicas e tornado tendência esportes como corrida e beach tennis.

Um relatório feita pelo Strava, plataforma para rastreamento de exercícios físicos, mostra que o Brasil registrou um aumento da adesão de algumas modalidades esportivas em 2022. Ciclismo, corrida de rua e caminhada então entre as práticas que obtiveram inclinação naquela época em relação ao ano anterior. Levantamento foi realizado com base nas informações disponibilizados por usuários do aplicativo. 

Para se ter ideia, só o beach tennis ganhou quase o triplo de aderentes em três anos. De acordo com dados divulgados pela Confederação Brasileira de Tênis (CBT), há aproximadamente oito meses, o número de praticantes da modalidade passou de 400 mil em 2021 para 1,1 milhão em 2023.

Enquanto alguns esportes ganham mais adeptos, outros vão surgindo no Brasil. Em 2018, por exemplo, o País ganhou a primeira

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. Modalidade é semelhante ao pingue-pongue e ao tênis e virou uma febre nos Estados Unidos (EUA) nos últimos anos, sendo exportado para outras nações. 

De acordo com o educador físico Fábio Félix, a internet é um dos principais meios responsáveis por contribuir para que esportes “entrem na moda ou se tornem novidade”. Profissional destaca que é comum ter uma tendência de alta em algumas modalidades, seguida por uma queda de praticantes.

“(As redes sociais) Incentivam a prática de determinados exercícios de tempos em tempos, surgindo alguns que se destacam por levarem o indivíduo a um ambiente mais propício à socialização, que também é um ambiente prazeroso, no sentido de fazer com que essas pessoas socializem mais com outras pessoas (…) E isso eleva hormônios que fazem você sentir prazer e bem estar”, destaca.

No caso de Gledson Ferreira, 47, o esporte chegou em sua vida como algo necessário para dar a virada de chave que precisava. Isso porque ele começou a participar de corrida de rua em novembro do ano passado, com um objetivo médico: precisava emagrecer 15 quilos para passar por uma cirurgia bariátrica.

O início foi difícil, mas o olhar dele sobre a corrida se transformou na medida em que a praticava. Aliando a modalidade com exercícios funcionais e um plano alimentar, o autônomo conseguiu perder 24 quilos em cerca de um ano. Resultado foi tão efetivo que ele acabou decidindo não fazer a intervenção cirúrgica.

“(Senti) mudanças na minha saúde, autoestima. Fui de sedentário a atleta de corrida de rua”, destaca Ferreira, que atualmente exibe orgulhoso as medalhas que conquistou praticando o desporto.

FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 22-12-2023: Atleta de corrida Gledson para o Ciência &Saúde sobre o aumento de esportes como corrida e beach tennis. (Foto: Samuel Setubal/ O Povo)

FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 22-12-2023: Atleta de corrida Gledson para o Ciência &Saúde sobre o aumento de esportes como corrida e beach tennis. (Foto: Samuel Setubal/ O Povo)
Crédito: Samuel Setubal

O autônomo, que começou a se exercitar quase como uma “obrigação”, agora faz isso praticamente todos os dias, só deixando de realizar atividades aos domingos. Média é mais do que a recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que orienta pelo menos 150 minutos por semana de prática física.

Período temporal é necessário para, segundo a OMS, trazer benefícios à saúde: a prevenção e o tratamento das doenças crônicas não transmissíveis, o controle de doenças cardíacas, diabetes, câncer e depressão, o alívio do estresse, o aumento do bem-estar e o estímulo ao convívio social.

Conforme Paulo Milione, psicólogo e neuropsicólogo, a prática de atividades físicas proporciona a liberação de hormônios como a serotonina e a endorfina, que melhora o sistema límbico e leva praticantes a terem “um bem-estar em geral”.

“A prática de esporte, especificamente como a corrida e o beach tennis, tem influência muito positiva na saúde mental. Além disso, podemos perceber os ganhos com a socialização, onde o sujeito tem o estreitamento de laços com os pares e consequentemente o aumento da rede de apoio do sujeito em função da interação social (que fica maior)”, destaca o especialista.

Estímulo pandêmico 

O disparo do número de praticantes de esportes começou a ficar mais evidente durante a pandemia, conforme pesquisa divulgada pelo Google em 2021. Estudo, que usou informações da Sport Track (ferramenta de software), foi feito com duas mil pessoas e realizado entre 24 e 26 de novembro de 2020.

Conforme levantamento, entre março e novembro do ano de coleta dos dados houve um aumento do interesse de brasileiros por esportes como ciclismo (+144%) e natação (+230%). Já no período pós-pandêmico, o fim do isolamento social levou ao disparo do número de praticantes de corridas de rua. 

Quem aponta a ligação é o educador físico Alysson Breno, diretor da B6 Assessoria Esportiva— situada em Fortaleza. De acordo com o profissional, após a crise sanitária houve um aumento de adeptos de atividades físicas, em especial do número de pessoas que têm aderido a corridas de ruas.

Para o Ultra Maratonista, isso ocorreu em razão da pandemia ter servido como uma espécie de “alerta” sobre a importância da saúde, visto que pesquisas apontaram que o sedentarismo era um fator que colaborava no desenvolvimento de quadros mais graves da doença pandêmica. 

Um desses estudos foi realizado por cientistas da Califórnia, nos Estados Unidos, e publicado no periódico British Journal of Sports Medicine, em abril de 2021. Ensaio constatou que pessoas sedentárias podem desenvolver quadros mais graves da covid-19, correndo maior risco de hospitalização. 

Já para o psicólogo Paulo Milione, a prática de esporte e exercício físico depois da pandemia cresceu de forma “representativa”. “[O aumento de atividades desportivas] Se deve à necessidade que o ser humano tem de se relacionar com os pares, tendo uma manutenção das relações sociais”, avalia.

Falta de tempo e de dinheiro podem ser barreiras

Apesar do aumento de adeptos de esportes, em 2021 o Brasil ainda figurava como a nação que menos se exercitava, conforme estudo divulgado na época pelo Instituto Ipsos. Pesquisa usou dados colhidos entre 25 de junho e 9 de julho daquele período e ouviu mil brasileiros, com idades entre 16 e 74 anos.

No período, mais da metade dos brasileiros entrevistados (53%) disseram que gostariam de praticar mais esportes. No entanto, 32% dos entrevistados alegaram que não conseguiam por falta de tempo e 21% destacaram não ingressar em um modalidade esportiva por falta de dinheiro. 

Embora existam modalidades mais democráticas, como o futebol, queridinho dos brasileiros, outras requerem um planejamento financeiro. É o caso do beach tennis, que cresceu exponencialmente no Brasil.

Conforme a plataforma de gestão TecnoFiti, as aulas particulares do esporte podem custar de R$ 50 a R$ 100 por hora no Brasil. Além disso, apenas para usufruir do espaço da quadra voltada para a prática do desporto, as pessoas podem chegar a precisar pagar entre R$ 70 e R$ 120 reais por hora. 

Niely Lopes, 36, começou a praticar o esporte em agosto deste ano e, além de participar de aulas, costuma alugar uma quadra para praticar o desporto. “Eu acho que o beach tennis é um esporte caro, ele pesa realmente no bolso“, diz a gerente, apontando em contrapartida que há práticas esportivas de menor custo.

De acordo com o educador físico Alysson Breno, pensar na questão financeira é um dos primeiros passos que precisam ser tomados por quem decide praticar um esporte. “Não adianta encaixar uma modalidade onde essa modalidade não cabe no seu orçamento”, pontua o profissional.

Já em relação ao tempo que o esporte requer de dedicação, o instrutor Fábio Félix destaca que pessoas têm realidades diferentes e muitas têm horários mais escassos devido a responsabilidades cotidianas. 

“Alem de ter uma jornada de trabalho muitas vezes prolongada (…) Essa pessoa as vezes leva trabalho pra casa (….) As vezes ela tem família, e tem todo um contexto em que ela precisa dar atenção a uma série de coisas“, pontua, completando que cada indivíduo precisa fazer uma gestão do seu tempo, encaixando exercícios dentro da sua rotina da forma como conseguir.

Cuidados necessários

Seja para jogar um futebol ou para praticar qualquer outra modalidade esportiva, assim como atividades físicas no geral, além de tempo e vontade há um quesito fundamental que é preciso levar em consideração na hora de dar início as práticas: o cuidado com a integridade física.

“O principal ponto a se fazer é ir atrás de um profissional da saúde para examinar se o seu corpo está apto para praticar uma atividade física (…) Sempre é ideal e recomendado você fazer um check-up na sua saúde para saber se seu corpo está funcionando bem”, pontua o educador físico Alysson.

Profissional também faz um alerta sobre a hora de escolher a modalidade: “Não adianta encaixar um crossfit (por exemplo) se minha estrutura física não tem capacidade para suportar atividade! O risco de lesão é grande! E caso a lesão venha, pode prejudicar a rotina em casa, no trabalho”.

O instrutor Fábio Félix, que também é nutricionista clínico esportivo, destaca a importância de procurar por um educador físico e um especialista em nutrição humana antes de colocar as atividades físicas em dia. 

“O mais importante é que o indivíduo (…) procure uma atividade ou algum tipo de desporto que lhe traga a sensação de prazer e bem estar, para que ele possa se manter nessa atividade. E também procurar o acompanhamento de profissionais qualificados”, destaca. 

Realizar atividades sem buscar ajuda de especialistas adequados pode aumentar a exposição aos riscos que exercícios no geral possuem, conforme aponta o ortopedista André Garcia. O médico destaca, por exemplo, lesões como principais consequências de esportes realizados sem acompanhamento.

Benefícios e riscos das modalidades para a saúde:

Crossfit

  • Benefícios: é um excelente esporte para quem gosta de eficiência (grandes gastos calóricos em um tempo reduzido), adaptação para diferentes idades e habilidades físicas, além de ser um esporte coletivo que ajuda na socialização/sentimento de superação dos limites.
  • Riscos: pode levar a lesões por sobrecarga e exaustão excessiva nos treinos.

Corrida

  • Benefícios: melhora do condicionamento cardiovascular, liberação de endorfinas, baixo custo e fácil acesso, exposição ao ar livre com aumento dos níveis de vitamina D.
  • Riscos: impacto repetitivo, podendo levar a lesões.

Futebol

  • Benefícios: além de melhora cardiovascular, estímulo ao trabalho em equipe, melhora da habilidade cognitiva, aumento de resistência.
  • Riscos: risco de lesões (joelho, tornozelo principalmente).

Beach tennis

  • Benefícios: divertido e acessível para todas as idades, exposição ao ar livre, interação social e fortalecimento de pernas e braços.
  • Riscos: risco de lesões por movimentação repetitiva (lesões na coluna, tornozelo, ombro principalmente).

Ciclismo

  • Benefícios: melhora cardiovascular, fortalecimento muscular de pernas, esporte de transporte não poluente e fácil incorporação da rotina diária.
  • Riscos: risco de quedas, estresse na lombar e região de cóccix caso sejam usados equipamentos não adequados.

Pickleball

  • Benefícios: facilidade de aprendizado para todas a idades, melhora do equilíbrio e coordenação motora, estímulo a socialização.
  • Riscos: risco de entorses.

Fonte: André Garcia, médico ortopedista.

Já durante a prática de atividades físicas ou de esportes, o Ministério da Saúde (MS) indica que sejam tomados cuidados como manter uma boa hidratação, com alimentação adequada. Utilizar equipamentos de segurança e fazer alongamentos também estão entre as orientações do orgão federal. 

Dicas para praticar exercícios físicos: 

  • Mantenha-se hidratado e bem alimentado, preferindo água ao invés de bebidas açucaradas ou isotônicos.
  • Use roupas confortáveis e equipamentos de segurança como capacetes e joelheiras. Caso a atividade seja uma caminhada ou corrida, use tênis com meia para fixar o pé e prevenir torções.
  • Faça alongamento antes e depois da atividade para evitar lesões e melhorar a performance.
  • Busque orientação de um educador físico para atividades mais intensas. Também é recomendado fazer exame clínico antes de praticar as modalidades.
  • Manter uma alimentação adequada mesmo após as atividades.

Fonte: Ministério da Saúde (MS).

Benefícios e riscos das modalidades para a saúde

Crossfit

Benefícios: é um excelente esporte para quem gosta de eficiência (grandes gastos calóricos em um tempo reduzido), adaptação para diferentes idades e habilidades físicas, além de ser um esporte coletivo que ajuda na socialização/sentimento de superação dos limites.

Riscos: pode levar a lesões por sobrecarga e exaustão excessiva nos treinos.

Corrida

Benefícios: melhora do condicionamento cardiovascular, liberação de endorfinas, baixo custo e fácil acesso, exposição ao ar livre com aumento dos níveis de vitamina D.

Riscos: impacto repetitivo, podendo levar a lesões.

Futebol

Benefícios: além de melhora cardiovascular, estímulo ao trabalho em equipe, melhora da habilidade cognitiva, aumento de resistência.

Riscos: risco de lesões (joelho, tornozelo principalmente).


Beach tennis

Benefícios: divertido e acessível para todas as idades, exposição ao ar livre, interação social e fortalecimento de pernas e braços.

Riscos: risco de lesões por movimentação repetitiva
(lesões na coluna, tornozelo,
ombro principalmente).

Ciclismo

Benefícios: melhora cardiovascular, fortalecimento muscular de pernas, esporte de transporte não poluente e fácil incorporação da rotina diária.

Riscos: risco de quedas, estresse na lombar e região de cóccix caso sejam usados equipamentos
não adequados.

Pickleball

Benefícios: facilidade de aprendizado para todas a idades, melhora do equilíbrio e coordenação motora, estímulo a socialização.

Riscos: risco de entorses.

Já durante a prática de atividades físicas ou de esportes, o Ministério da Saúde (MS) indica que sejam tomados cuidados, como manter uma boa hidratação e ter uma alimentação adequada. Utilizar equipamentos de segurança e fazer alongamentos também estão entre as orientações do orgão federal.

Fonte: André Garcia, médico ortopedista.

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